As alterações climáticas e a “poluição por nutrientes” estão diminuindo os níveis de oxigênio nos oceanos, ameaçando a sobrevivência de diversas espécies marinhas. Essa é a conclusão de um dos maiores estudos sobre o assunto, realizado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e foi divulgado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 25, que aconteceu em 2019 na Espanha.
A Poluição por Nutrientes e o Crescimento das Zonas Mortas nos Oceanos
Nos últimos anos, as zonas mortas nos oceanos têm se tornado um tema cada vez mais preocupante. Essas áreas, caracterizadas por níveis extremamente baixos de oxigênio, tornam-se praticamente inviáveis para a vida marinha. Mas o que está por trás desse fenômeno? Ela ocorre quando substâncias contendo elementos como fósforo e nitrogênio – usados em fertilizantes agrícolas, por exemplo – são arrastados da terra pela chuva para os rios e chegam ao mar. Ali, provocam o crescimento excessivo da população de algas, fenômeno batizado de eutrofização.
- O que são as zonas mortas nos oceanos e por que elas estão se expandindo cada vez mais?
- A ‘Ilha Inacessível’, localizada no meio do oceano, transformou-se em um depósito de plástico.
O impacto da eutrofização
Quando as algas morrem, seu processo de decomposição consome grandes quantidades de oxigênio, reduzindo ainda mais sua disponibilidade para outras formas de vida. O resultado é um ambiente hostil para muitas espécies marinhas, especialmente aquelas que dependem de altos níveis de oxigênio.
Mudanças climáticas em ação
Além da poluição por nutrientes, as mudanças climáticas também agravam a situação. O aumento da temperatura da água é um fator que contribui para a diminuição dos níveis de oxigênio. À medida que a temperatura sobe, a capacidade da água de reter oxigênio diminui, afetando diretamente a vida marinha.
Um cenário preocupante
De acordo com estudos recentes, cerca de 700 locais nos oceanos estão sofrendo com a redução da concentração de oxigênio — um número alarmante se comparado aos apenas 45 registrados na década de 1960. Além disso, o aumento das concentrações de gás carbônico na atmosfera intensifica o efeito estufa, retendo calor e contribuindo para esse ciclo de desoxigenação.
Consequências para a vida marinha
Ambientes com menos oxigênio favorecem a proliferação de águas-vivas, mas criam um habitat difícil para espécies maiores e mais rápidas, como o atum. Entre 1960 e 2010, estima-se que o volume de oxigênio dissolvido na água tenha diminuído em 2%. Embora essa média possa parecer insignificante, algumas regiões tropicais enfrentaram quedas de até 40%.
O que podemos fazer?
A luta contra a poluição por nutrientes e as mudanças climáticas requer ação coletiva. Reduzir o uso de fertilizantes, adotar práticas agrícolas sustentáveis e apoiar políticas que protejam nossos oceanos são passos fundamentais. O futuro da vida marinha depende das ações que tomamos hoje. Vamos juntos fazer a diferença!
A Redução do Oxigênio nos Oceanos e seu Impacto na Vida Marinha
“Já conhecíamos o problema da redução da concentração de oxigênio, mas não tínhamos consciência de sua conexão com as mudanças climáticas, o que é bastante preocupante”, afirma Minna Epps, coordenadora da IUCN. Ela ressalta que, mesmo no cenário mais otimista de redução das emissões de gases de efeito estufa, a quantidade de oxigênio nos oceanos continuará a diminuir.
Essa situação representa um risco significativo para várias espécies, incluindo o atum, alguns tubarões e o marlim-azul. Isso se deve ao fato de que peixes maiores têm um gasto energético elevado, necessitando, portanto, de mais oxigênio para sobreviver.
De acordo com os pesquisadores, essa queda nos níveis de oxigênio tem feito com que esses animais se aproximem da superfície, onde a concentração de oxigênio dissolvido é maior. No entanto, essa mudança os torna mais vulneráveis à pesca.
As estimativas indicam que, se as emissões continuarem nesse ritmo, os oceanos poderão perder entre 3% e 4% do oxigênio até 2100. A maior parte dessa perda está prevista para ocorrer a até mil metros de profundidade, uma faixa que abriga uma rica biodiversidade.
A tendência é que o problema se agrave nas regiões tropicais, onde as águas são mais quentes. Essa situação nos alerta sobre a importância de agir rapidamente para proteger nossos oceanos e as espécies que dependem deles.