A ‘Ilha Inacessível’, localizada no meio do oceano, transformou-se em um depósito de plástico.

A Ilha Inacessível e o Impacto dos Resíduos Plásticos nos Oceanos

Uma ilha remota no sul do Oceano Atlântico, chamada Ilha Inacessível, está se tornando um importante ponto de observação para entender a extensão do problema dos resíduos plásticos que afetam os nossos mares.

 

Na última década, o número de garrafas plásticas, originárias da China, encontradas na Ilha Inacessível aumentou drasticamente.

 

 

 

 

 

 

 

O Que Foi Descoberto?

Recentemente, pesquisadores da África do Sul e do Canadá realizaram um estudo que revelou dados alarmantes sobre a poluição plástica na costa da Ilha Inacessível. Eles descobriram que cerca de 75% das garrafas plásticas coletadas ali têm origem na Ásia. A maioria delas foi fabricada na China e, o mais preocupante, muitas são relativamente novas. Isso sugere que essas garrafas não foram descartadas em terra, mas sim jogadas ao mar, possivelmente de navios.

Esse estudo foi publicado na renomada revista *Proceedings of the National Academy of Sciences* (PNAS), destacando a importância de compreender não apenas a origem dos resíduos, mas também os padrões de descarte que contribuem para a poluição marinha.

 

As evidências sugerem que a maior parte das garrafas plásticas encontradas na Ilha Inacessível foi descartada de embarcações.

 

 

 

 

 

 

 

 

A Escala do Problema

As estatísticas são chocantes: estima-se que anualmente aproximadamente 12,7 milhões de toneladas de plástico sejam lançadas nos oceanos. Este número é baseado principalmente na poluição proveniente de fontes terrestres, mas não leva em consideração o plástico que é descartado diretamente das embarcações. Isso significa que a verdadeira extensão da poluição plástica nos oceanos pode ser ainda maior do que os números indicam.

Além disso, as zonas afetadas pela poluição plástica não se limitam apenas a áreas próximas à costa, mas se estendem para regiões mais remotas, como a Ilha Inacessível. A presença de resíduos plásticos em locais isolados destaca a gravidade da situação. 

Uma Nova Perspectiva

Os autores do estudo apontam que, embora muitos acreditem que a maior parte do lixo marinho tenha origem terrestre, as evidências coletadas sugerem que essa noção pode estar equivocada. Este entendimento é crucial, pois altera a forma como abordamos a gestão de resíduos. Se uma proporção significativa do plástico no oceano provém de atividades marítimas, isso demanda uma revisão nas políticas e práticas que regulam o descarte de lixo no mar.

O Que Podemos Fazer?

Para enfrentar essa crise, é fundamental que governos, indústrias e cidadãos adotem medidas efetivas. Algumas ações que podem ser implementadas incluem:

1. Adoção de Práticas de Reciclagem: Incentivar e facilitar a reciclagem de plásticos. Isso pode incluir programas de coleta seletiva e incentivos para empresas que utilizam materiais recicláveis.

2. Educação e Conscientização: Promover campanhas educativas que informem a população sobre os impactos dos resíduos plásticos nos oceanos e como evitar o uso excessivo de plásticos descartáveis.

3. Políticas Mais Rigorosas: Os governos devem implementar e reforçar regulamentações que limitem o uso de plásticos de uso único, promovendo alternativas sustentáveis. Isso pode incluir restrições em produtos como sacolas plásticas, canudos e embalagens.

4. Monitoramento e Pesquisa: Investir em pesquisa para entender melhor a dinâmica da poluição plástica nos oceanos e desenvolver tecnologias para limpeza e recuperação de áreas afetadas.

5. Responsabilidade da Indústria: Incentivar as empresas a adotar práticas sustentáveis em suas cadeias de produção e a assumir a responsabilidade pelo descarte de seus produtos.

A Ilha Inacessível nos lembra que a questão dos resíduos plásticos é um problema global que exige ação imediata. Cada um de nós tem um papel a desempenhar na proteção de nossos oceanos e da vida marinha. Ao agir coletivamente, podemos fazer a diferença e garantir um futuro mais saudável para nossos mares.

De Onde Vêm os Detritos?

“É possível obter informações mesmo de garrafas sem rótulos. Elas têm datas de fabricação e marcas de fabricantes, e, quando você conhece essas marcas, consegue rastrear a origem”, explica Ryan.

“O que realmente surpreendeu foi a mudança na origem dos detritos. Esperávamos que a maioria das garrafas viesse da América do Sul, devido à direção do vento. No entanto, durante os três meses que passamos na ilha, 84% das garrafas encontradas eram originárias da Ásia.”

A combinação de garrafas da Ásia, especialmente da China, e a sua fabricação recente sugere que elas não poderiam ter sido levadas até ali pelas correntes oceânicas globais, o que indica que foram descartadas de navios que transitavam pela região.

“Inicialmente, pensei que se tratavam de embarcações de pesca, pois esses barcos costumam operar em áreas onde os navios mercantes não navegam. Porém, a maioria das garrafas ser da China não se encaixa, já que as embarcações de pesca no Atlântico Sul são principalmente taiwanesas e japonesas”, observa Ryan.

“Portanto, há fortes indícios de que essas garrafas vêm de navios mercantes. Na última década, houve um aumento significativo no transporte marítimo, especialmente da América do Sul para a Ásia. Isso foi um choque para mim, porque acreditava que as frotas mercantes seguiam rigorosamente os acordos internacionais que proíbem o descarte de lixo no mar.”

Ryan expressa seu interesse em conversar com o setor de transporte marítimo internacional sobre essas descobertas e acrescenta: “Precisamos repensar como melhorar o monitoramento e a aplicação das regulamentações existentes.”

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